Foto: Renan Mattos (Diário)
A absolvição da médica intensivista Virgínia Soares, apelidada pela opinião pública de "Doutora Morte", no ano passado, foi um dos casos mais emblemáticos do meio jurídico e midiático dos últimos anos no Brasil. A investigação teve início em 2013 e apurava a suposta manipulação dos padrões de oxigênio e a aplicação de sedativos e bloqueadores neuromusculares em pacientes da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, onde Virgínia atuava, com base em escutas telefônicas da equipe médica. O advogado criminalista Elias Mattar Assad, que orquestrou a defesa da acusada, esteve na Universidade Franciscana (UFN), em Santa Maria, no dia 17 de outubro, a convite do diretório local da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim).
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Além de defender o respeito ao exercício da advocacia criminal, o atual presidente nacional da Abracrim veio a Santa Maria lançar o livro A Medicina no Banco dos Réus (Editora DC - Divulgação Cultural), publicado em agosto deste ano. A obra, escrita por ele e pela filha Louise Assad, detalha, em 600 páginas, o caso que projetou o nome de Assad para todo o país. A experiência é descrita pelo criminalista como "o teste do extremo da defesa criminal".
Em entrevista ao Diário, o advogado contou que ainda ouve especulações de que Virgínia teria de fato acelerado a morte de sete pacientes da UTI. Sobre isso, ele rebate de forma enfática: "Não existe boa defesa capaz de absolver um culpado. Um bom advogado não tem o poder de mudar uma realidade".
O livro em que o advogado experimenta a linguagem literária pela primeira vez descreve com riqueza de detalhes o contexto dessa história. Nele, o advogado relata também a tentativa de desconstruir a imagem de algoz da médica. Uma das tentativas veio depois de 29 dias em cárcere, quando o advogado obteve a liberdade provisória de Virgínia.
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- Foi um dos momentos mais altos. Estava toda a imprensa lá. Eu disse para ela: Eu quero que você saia de cabeça erguida. As pessoas saem da prisão de cabeça baixa, com o blazer na cabeça, e ela saiu olhando o horizonte. Dois meses depois, nem toda a opinião pública era do crucificar, já começou a equilibrar - detalhou Assad.
Virgínia e outros setes funcionários do hospital foram absolvidos na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, em abril do ano passado.